1. Qual foi o regime de Bashar Al Assad e suas principais características?
Bashar Al Assad, membro da minoria alauíta, assumiu a presidência da Síria em 2000, após o falecimento de seu pai, Hafez Al Assad, que governou o país entre 1971 e 2000. Durante os 50 anos em que a família Assad esteve no poder, o regime adotou a ideologia baathista, que propõe o nacionalismo árabe, a integração dos países árabes, a laicidade do Estado e a manutenção de um líder autoritário, além de se opor à influência ocidental na região. É importante ressaltar que, apesar de algumas interpretações, o regime baathista nunca se classificou como socialista, defendendo a propriedade privada. O governo de Assad foi marcado por uma estreita aliança com a Rússia e o Irã, além de ser conhecido por sua repressão severa, violações de direitos humanos e um intenso culto à personalidade do líder.
2. Como teve início a Guerra Civil Síria?
A Guerra Civil Síria começou em 2011 durante a Primavera Árabe, movimento que se espalhou pela região após o início na Tunísia. Na Síria, manifestações em massa exigiam o fim do governo baathista, que já durava mais de 40 anos. Em resposta, Assad optou pela repressão violenta dos protestos. Esse cenário gerou uma radicalização da oposição, que passou a incluir não apenas cidadãos descontentes, mas também grupos islâmicos radicais, alguns dos quais contavam com apoio da Turquia. A guerra se estendeu por mais de 13 anos, resultando em cerca de 300 mil mortes e mais de 10 milhões de refugiados.
3. Como a guerra contribuiu para a ascensão do Estado Islâmico (ISIS)?
O Estado Islâmico se destacou como um dos grupos extremistas mais brutais da história do Oriente Médio, promovendo um regime totalitário baseado em uma interpretação rigorosa do islamismo sunita. Entre 2016 e 2019, o grupo tentou exterminar diversas comunidades, incluindo xiitas, alauítas, druzes, judeus, cristãos, ateus, homossexuais e comunistas. O surgimento do ISIS pode ser atribuído em parte ao vácuo de poder criado no Iraque após a invasão americana, que resultou na dissolução do exército iraquiano e na desocupação de milhares de soldados. Muitas das pessoas radicalizadas foram aquelas que passaram por prisões iraquianas, onde tiveram contato com ideias extremistas. Na Síria, a fragilidade do governo de Assad, exacerbada pela guerra, foi um fator importante, mas não único. Assad também liberou prisioneiros extremistas, utilizando-os como um argumento para justificar sua opressão política, criando a narrativa de que todos os opositores eram simpatizantes do ISIS. Além disso, países como Turquia e Arábia Saudita, aliados dos EUA e Israel, financiaram o grupo terrorista, acreditando que sua ascensão poderia acelerar a queda do regime baathista.
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